4.
2025
Residência Artística - Instalação
TimeCircus (BE)
Pesquisa para projeto de criação "TEMPLE OF INSPIRATION"
CHEGADA
RECEÇÃO TC2

O coletivo artístico belga TimeCircus reúne profissionais de diversas áreas como arquitetura, design, escultura, artes visuais, plásticas e performativas, o que o torna um grupo verdadeiramente multidisciplinar e versátil. Fundado há 25 anos, é conhecido pelas suas instalações de grande impacto visual e social, frequentemente criadas em diálogo direto com as comunidades onde atua.

Viajantes por natureza, os membros do TimeCircus percorrem a Europa — muitas vezes a pé — levando consigo o desejo de criar, partilhar e transformar realizando intervenções artísticas e construindo espaços socioculturais em diversos países ao longo do percurso. Um exemplo disso foi o projeto Landschip, no qual caminharam da Bélgica até à Grécia.

Atualmente, o coletivo encontra-se no Capelo em residência artística, desenvolvendo a fase de pesquisa e preparação de uma nova criação intitulada TEMPLE OF INSPIRATION. Esta instalação, inspirada na arquitetura e nas paisagens açorianas, pretende ser uma homenagem à ligação histórica entre a comunidade local e a natureza envolvente e destina-se a ser um espaço dedicado à criação artística numa zona rural e concebida com base nos valores de partilha, contemplação e conexão com o território.

Durante a sua estadia, os artistas circulam pelas ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge), em busca de inspiração, das suas histórias, paisagens e habitantes — elementos essenciais para se impregnarem da identidade cultural local e compreenderem verdadeiramente o lugar onde estão inseridos.

As pessoas e os territórios que os acolhem são a principal fonte de inspiração para as suas criações. As instalações de TimeCircus, sejam pequenas ou de grande escala, distinguem-se sempre pela originalidade, pela utilização criativa de materiais disponíveis localmente e pelo envolvimento ativo das comunidades.

A presença do coletivo nos Açores promete deixar uma marca significativa, tanto no panorama artístico como na relação entre arte, território e comunidade.

cabana abandono pedra

Arte sustentável e a força do colectivo.

A nova criação ainda se encontra numa fase inicial de pesquisa, mas os artistas já definiram que irão trabalhar com materiais locais, como madeira de criptoméria, pedra de basalto e objetos em desuso. O objetivo é valorizar os recursos que o território oferece, integrando-os de forma criativa e consciente no processo artístico.

Trata-se de um trabalho profundamente contemporâneo, que convida à reflexão sobre questões urgentes do mundo atual, como os desafios ambientais e a importância da inclusão e da diversidade social. Ao mesmo tempo, é uma criação profundamente humana, pois é através da força do coletivo que se tornam possíveis projetos de maior escala e impacto.

Nesta fase da residência, acolhemos os artistas Bram, Sebastian e Sig, que estão atualmente a preparar os primeiros passos desta nova criação. A concretização do projeto está prevista para os meses de setembro e outubro de 2025, na freguesia do Capelo, ilha do Faial.

loresta transporte barco

Esta etapa da residência é inteiramente dedicada à observação atenta e à recolha de materiais — sejam eles naturais, visuais ou narrativos — que irão alimentar tanto o conceito quanto a construção física da obra final. É um momento de escuta e de imersão no território, em que os artistas procuram absorver os traços, ritmos e vozes do lugar.

Mais do que um simples cenário, o território assume aqui um papel ativo: é simultaneamente matéria-prima e interlocutor. Cada elemento recolhido — uma pedra de basalto, um fragmento de madeira, uma história partilhada por um habitante local, um detalhe arquitetónico — é integrado no processo criativo não apenas como recurso estético, mas como expressão da identidade e da memória coletiva do lugar.

A paisagem, os gestos da comunidade, os silêncios e os sons tornam-se parte do vocabulário artístico que irá dar forma à obra. Este processo de escuta ativa e envolvimento sensível com o ambiente permite aos artistas desenvolverem uma criação enraizada, que respeita e celebra a especificidade cultural e natural do contexto onde se insere.

Nesta fase, o tempo não é apressado — é vivido com atenção e abertura, permitindo que a inspiração emerja organicamente da convivência com o território e com as pessoas que o habitam. É desta ligação profunda que nascerá uma obra significativa, feita de matéria local e de relações humanas.

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erramenta TC