9.
2024
Residência Artística - Cinema de Animação
Pedro Serrazina
Sessão de cinema pública e Oficinas de iniciação ao cinema de animação para jovens

Professor, investigador e realizador premiado de cinema de animação. Desde a sua primeira curta, “Estória do gato e da Lua”, estreada internacionalmente no festival de Cannes, o seu trabalho tem várias expressões, entre a curta-metragem, as instalações “site-specific”, videoclips, workshops, publicações e projetos académicos, num percurso marcado pelas relações entre a arquitetura, o espaço público e o cinema de animação. Serrazina concluiu o grau de Mestrado no Royal College of Art, em Londres (como bolseiro da Fundação Gulbenkian) e, como bolseiro da FCT, o doutoramento na Univ. Lusófona de Lisboa, onde leciona nos cursos de animação (licenciatura e mestrado). Membro da Society for Animation Studies e do comité científico do simpósio anual Ecstatic Truth, dedicado às relações entre cinema de animação e documentário, está atualmente a preparar um novo filme, “O Que Sobra de Nós”. Nos tempos livres Pedro Serrazina é um ávido colecionador de vinil e novelas gráficas.

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No ano em que se assinalaram os 67 anos da erupção do Vulcão dos Capelinhos, as crianças das freguesias do Capelo e da Praia do Norte celebraram a data de forma criativa e simbólica, através de uma oficina de cinema de animação orientada pelo premiado realizador Pedro Serrazina.

A atividade, desenvolvida em stop motion, teve como ponto de partida a figura do faroleiro — aquele que observa e regista o mundo à sua volta — para simular, com imaginação e sensibilidade, a vivência da erupção a partir da perspetiva do Farol dos Capelinhos.

Mais do que uma simples homenagem, esta oficina foi uma experiência educativa e artística profundamente enriquecedora. Estimulou a criatividade das crianças e promoveu a reflexão sobre a história da sua comunidade, reforçando o sentimento de pertença ao território e valorizando as memórias coletivas ligadas a um dos acontecimentos mais marcantes da ilha do Faial.

Ao mesmo tempo, a atividade serviu como ferramenta de acesso às artes e a novas experiências culturais, proporcionando aos mais jovens um contacto direto com a linguagem do cinema de animação e com processos criativos colaborativos.

Foi também um momento de escuta, diálogo e partilha, onde as crianças puderam expressar a sua visão sobre o passado da sua terra e imaginar formas de o preservar no presente e no futuro.

Esta iniciativa integrou o programa de comemorações da erupção do Vulcão dos Capelinhos, reafirmando o papel da cultura enquanto espaço de encontro entre gerações, memória, imaginação e futuro.

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Pedro Serrazina também visitou a escola primária da freguesia de Pedro Miguel para dinamizar uma atividade especial com as crianças.

Trabalhando com alunos de uma pequena escola rural, o realizador proporcionou uma experiência única e envolvente, ao partilhar com os mais novos o universo mágico do cinema de animação. De forma acessível e lúdica, o realizador mostrou como se criam desenhos animados — desde a ideia inicial e os primeiros esboços até à animação de personagens e cenários.

Esta atividade não só despertou a curiosidade e o entusiasmo das crianças, como lhes permitiu ter contacto direto com um processo artístico profissional, abrindo portas a novas linguagens e formas de expressão. Foi também uma forma de valorizar o território e as suas histórias, usando o cinema de animação como ferramenta para imaginar, aprender e criar.

Num ambiente acolhedor e familiar, próprio das escolas pequenas, a presença do artista foi recebida com grande entusiasmo e deixou uma marca inspiradora nos alunos, reforçando a importância de levar a cultura e as artes a todos os lugares, independentemente da sua dimensão ou localização.

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Oficina de cinema de animação orientada pelo artista residente Pedro Serrazina.

Esta iniciativa representou uma oportunidade única para os adolescentes da ilha, que tiveram a possibilidade de participar numa oficina de criação cinematográfica com um realizador profissional. Ao longo da atividade, os jovens foram convidados a descobrir o que pode ser um processo criativo no universo do cinema de animação, desde a conceção da ideia até à construção de personagens, cenários e movimentos em stop motion.

Mais do que uma simples introdução técnica, a oficina proporcionou uma verdadeira experiência artística, onde os participantes puderam explorar novas formas de expressão, estimular a imaginação e perceber como a arte pode ser uma ferramenta para contar histórias, dar voz a memórias e refletir sobre o mundo à sua volta.

Num território onde o acesso a experiências culturais especializadas nem sempre é fácil, esta ação assumiu-se como uma ponte entre os jovens e as práticas artísticas contemporâneas, ampliando horizontes e despertando novos interesses e talentos.

Foi um momento de descoberta, experimentação e partilha, que deixa marcas duradouras nos participantes e reforça a importância de continuar a investir em iniciativas que aproximem os jovens da cultura, da criação artística e do seu próprio património.

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Depois da emocionante celebração do aniversário da erupção do Vulcão dos Capelinhos, em final de Setembro, com o programa OS OLHOS DO VULCÃO, que incluiu a presença e vídeos de testemunhos de pessoas que viveram naquele farol, completamos a aventura faroleira agora a convite da Freguesia da Ribeirinha, assinalando os 105 anos do Farol da Ribeirinha, com o programa OS OLHOS DO FAROL.

Este programa actualiza o programa dos Capelinhos, centrando-se agora no Farol da Ribeirinha, abandonado e destruído parcialmente depois do sismo de 1998, acrescentando novo material em video, realizado por Gonçalo Tocha, sobre o carismático e saudoso faroleiro António Medeiros, de 93 anos que cresceu naquele farol. O programa acrescenta também um video inédito com o jovem André Oliveira, natural da Ribeirinha, que nos leva de mota Famel por entre as ruinas da sua freguesia. Entre os 93 anos do Srª António e os 23 anos do André são várias épocas que contam uma história. Para o Srº António os faróis, além da sua casa, eram o centro da comunidade, para o jovem André, que cresceu com a presença das ruinas do sismo de 1998, estes estilhaços são parte do seu património natural e do seu imaginário de infância.

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